Toda Linha de Vida é compatível com qualquer telhado? Uma pergunta simples, com uma resposta complexa.
A Linha de Vida é um dispositivo de ancoragem composto de um cabo de aço com suas fixações e uma interface de fixação. A interface, também conhecida como postinhos ou postes da linha de vida, pode ser de diversos formatos e tamanhos.
Além dos postes, temos também uma série de suportes que, da mesma forma, fazem o papel de interface.
O conjunto de Linha de Vida (Cabo, fixação e Interface) deve ser um conjunto padronizado. Não basta somente verificar a capacidade de carga do cabo de aço por exemplo. Quando ocorre uma queda na Linha, o impacto gerado no cabo é aumentado e transmitido diretamente para todo o conjunto e, por consequência, para a estrutura de fixação onde a interface está fixada.
No Brasil temos uma excelente norma para fabricação de dispositivos de ancoragem como linhas de vida e ancoragens prediais. A própria NR35 exige que sejam seguidos os parâmetros contidos nesta norma.
A NBR 16325 foi publicada lá atrás, em 2015, e as diretrizes nela contida têm sido largamente ignoradas pelos fabricantes destes equipamentos no Brasil, principalmente do que diz respeito ao ensaio e teste do conjunto para verificação de integridade e eficiência. Estes ensaios são amplos e complexos e mais informações sobre eles você pode encontrar aqui.
O importante para o consumidor é verificar se o produto que ele está adquirindo passou por estes testes, já que esta é a única maneira de verificar, por exemplo, qual a carga que será repassada para a estrutura de fixação da interface em caso de queda. Outra informação importante que pode ser conseguida apenas através destes ensaios é a flecha gerada durante uma queda para que o usuário possa calcular a ZLQ – Zona Livre de Queda. Veja que muitos fabricantes vão tentar te convencer que esta informação pode ser calculada com precisão sem a necessidade de ensaios, mas não é a toa que a NBR16325 pede que a flecha seja verificada com uma câmera com capacidade de filmagem de 1000 quadros por segundo. Um equipamento caro e de alta precisão.
Veja um pouco mais na figura abaixo, retirada da NR35, que a Dois Dez doou para utilização pelo Ministério do Trabalho.
Os ensaios são, em nossa opinião, a única maneira de garantir com eficiência uma série de informações essenciais para verificação da compatibilidade da linha de vida com a estrutura da cobertura e o tipo de atividade a ser executada. Mas sabemos que o que existe no mercado não costuma seguir esse processo.
É importante notarmos que este poste que você vê acima tem toda a documentação necessária para atender a NR35, ou seja, conta com uma ART de um engenheiro garantindo que sua fabricação seguiu os requerimentos da NR35. E de fato ele pode ter mesmo seguido estes requerimentos, já que, infelizmente, por uma má interpretação desta norma, alguns fabricantes entendem que os ensaios e testes não são mandatórios. E pior, em muitos casos, como no exemplo acima, o fabricante informa que o conjunto da Linha de Vida foi de fato testado e ensaiado, porém o que foi testado não é o mesmo produto que acabou sendo instalado.
Um sistema fabricado conforme a NR35, seguindo as diretrizes de fabricação e ensaio da NBR-16325, pode informar com segurança a carga que será repassada para a estrutura de fixação. Com este número em mãos, qualquer engenheiro capacitado nesta área pode verificar com segurança se a estrutura onde o sistema será instalado possui resistência suficiente para receber esta Linha de Vida.
A Dois Dez, depois de diversos ensaios, testes e mais testes, verificou que as cargas geradas por dois ou mais usuários simultaneamente, quando repassadas para um poste rígido, geram uma alavanca enorme e, por consequência, dificilmente uma estrutura metálica comum brasileira possui resistência suficiente para suportar estes impactos.
Como vimos no gráfico acima, as cargas no cabo de aço podem aumentar exponencialmente em suas fixações e este valor é multiplicado novamente pelo efeito de alavanca gerado por um postinho rígido. Mais ou menos como ocorre com um prego e um martelo como podemos ver abaixo, que nesse exemplo o prego é facilmente arrancado da madeira, devido ao efeito alavanca do cabo. Transferindo-se essa ideia para uma linha de vida com postes rígidos, a puxada no cabo devido a uma queda iria ser multiplicada por uma alavanca, neste caso a altura X do postinho, transmitindo um esforço extremamente alto à fixação, que similarmente seria equivalente ao prego que poderia ser “arrancada” com a mesma facilidade.
O resultado de um sistema que não foi exaustivamente testado e ensaiado pode ser catastrófico.
Dessa forma, introduzimos no mercado um sistema bastante inovador no mercado nacional, mas que já é amplamente utilizado na Europa e nos EUA pois lá também foi a única forma encontrada para reduzir as forças de impacto na estrutura, aumentando a compatibilidade do sistema com estruturas mais frágeis. Os postes de interface que são colapsáveis, foram desenvolvidos para dobrar em caso de queda, absorvendo o impacto e zerando o efeito de alavanca. Temos dois excelentes resultados em um só produto.
Tecnologia e inovação são aspectos importantes no desenvolvimento de dispositivos de ancoragem como linhas de vida. Mas o mais importante ainda é o processo de fabricação seguindo a NBR-16325. Peça os laudos dos ensaios do dispositivo que você está adquirindo com fotos, vídeos e ART. E verifique se o que estão te apresentando é o mesmo produto que vai ser instalado.