Absorvedores de impacto podem ser encontrados em lojas físicas e e-commerce sendo vendidos avulso, devido a grande quantidade de novas empresas surgindo no mercado de dispositivos de ancoragem e linhas de vida.
A princípio isso parece bom, pois aumenta a competitividade do mercado, mas a verdade está longe disso. Em realidade, diversos produtos que estão sendo comercializados não ajudam em nada na absorção de energia da queda. Em muitos outros casos, podem inclusive aumentar o risco de um acidente no sistema de ancoragem.
Primeiro temos que entender exatamente a função de um absorvedor de impacto. O que a princípio parece um produto simples é na verdade um dispositivo de alta tecnologia que costuma demorar muito tempo para ser desenvolvido e precisa passar por exaustivos testes.
Também conhecido como ABS, este equipamento tem a função de limitar e reduzir as forças de impacto geradas durante uma queda de um ou mais usuários em uma linha de vida. Este dispositivo, quando ativado, irá alongar, o que em troca aumentará o comprimento da Linha de Vida e, portando, aumentará a flecha e a ZLQ – Zona Livre de Queda. Em todos os absorvedores que conhecemos no mercado, haverá sempre um equilíbrio: Os que mais absorvem o impacto são os que mais se alongam, solicitando ZLQ’s maiores. Os que solicitam as menores ZLQ’s, são os que menos se alongam e, portanto, tem um desempenho inferior na absorção do impacto.
Veja na imagem abaixo, retirada da NR35, doada pela Dois Dez para o Ministério do Trabalho e Previdência:
Isso ocorre devido ao efeito da Catenária, um mecanismo que aumenta ou diminui as forças repassadas para as ancoragens de um cabo/ou linha, de acordo com a tensão desse cabo. O cálculo é exponencial e tende ao infinito. Dessa forma, cabos que não cedem durante a queda, rompem.
Absorvedores de impacto para linha de vida: o que é preciso saber
Mas, para não complicar demais, o que você, como consumidor final, precisa saber? O fabricante de absorvedores de impacto da Linha de Vida deve te fornecer ao menos:
- O número máximo de usuários ele comporta;
- O vão máximo compatível da linha de vida com e sem suportes intermediários;
- Com qual tipo de cabo de aço ele deve ser usado;
- Qual a flecha que será gerada no cabo de aço para você poder calcular a ZLQ;
- Qual o impacto máximo repassado para as ancoragens – e para a sua estrutura.
Esse tipo de informação só pode ser conseguida com precisão por parte do fabricante, se ele passou por ensaios dinâmicos de queda seguindo as diretrizes da NBR-16325. Lá temos, entre diversas exigências, o uso de células de carga de alta precisão e com capacidade para fazer ao menos 1000 leituras por segundo. Isso é importante, pois o impacto causado durante uma queda é tão rápido que uma balança normal não poderá subir o mostrador de carga na velocidade do impacto que é de até 0.05 segundos e registrará um impacto muito menor do que o real. Por isso peça para ver os resultados dos ensaios e desconfie de todos que não quiserem compartilhar essa informação.
Problemas comuns:
- Molas não são absorvedores e podem inclusive piorar a queda criando um efeito Bungee-jump na linha de vida;
- Fabricantes que te informam a carga máxima que o absorvedor suporta não estão te dando as informações relevantes;
- Absorvedores que não foram extensivamente ensaiados dificilmente vão fornecer informações precisas.
O profissional legalmente habilitado é responsável por selecionar todos os componentes de um sistema de ancoragem e por desenvolver o projeto de montagem e instalação.
